A noite

Sessenta e nove coisas se passando na minha mente enquanto sua mão se escorre sobre a minha e toca meu braço e sobe pelo meus ombros e desliza o sutiã e se dar é pecado eu sou uma puta.

Eu sonhei com essa essa noite no escuro do meu quarto brincando com meus dedos e pensando nos seus em mim, um delírio consumado, um desejo profano.

Nada pode nos parar e por favor, tira minha roupa, tranca bem a porta, apaga a luz e me beija lento, sua língua contra a minha pele e se eu tivesse que traduzir em duas palavras eu diria úmido e quente. O que, exatamente, não importa. Talvez tudo.

De joelhos, eu imploro, você me atende como um deus? Súplicas nos lábios e preces movendo a língua, curvadas e saboreadas. Boto tudo pra dentro se você pedir com jeitinho, fé é sempre uma via de mão dupla.

Encaixa em mim, seus dedos, a língua, você. Falar em foder é pouco poético, mas não quero que seja. Eu quero gritar e que escorra, que pulse, que trema e que surte.

Sessenta e nove jeitos de fazer com que isso seja história e molde na mandíbula e pegue pelo pescoço e que prenda em cordas e que faça nós e desague, como o rio finda no mar, eu vou me findar em você.

Eu não sou poeta, por favor entenda.

Escrevo tesão em saliva.

Mato você na ponta da língua.

De novo. De novo. De novo.

Créditos da imagem: Dainis Graveris on Unsplash

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